sábado, julho 30, 2005

Nada além de ver

Retirado do livro “Meditação Vipassana” com alguns adendos:
Achei o máximo! Simplesmente resume todo o belo ensinamento de Buda para se chegar à libertação e à felicidade. Obrigado Neto! Como diria um admirável professor: “não achamos os bons livros, eles nos acham”.
Buda ao ser questionado por um homem que estava em busca do caminho da libertação e não podia esperar por longos sermões e meditações, resumiu Dhama em poucas palavras que continham todo o ensinamento:
“Quando olhar, não deve haver nada além da visão; quando escutar nada além da audição; quando cheirar, degustar, tocar, nada além de olfato, paladar e tato; no ato de reconhecimento, nada além de reconhecimento”. (Buda)
Quando ocorre um contato através das bases sensoriais da experiência não deve haver avaliação, nem percepção condicionada. Quando a percepção começa a avaliar qualquer experiência como boa ou má, passamos a ver o mundo de uma forma distorcida por causa de antigas reações cegas. Para libertar a mente de todos os condicionamentos, precisamos aprender a deixar de avaliar com base em reações passadas e sermos conscientes, sem avaliar nem reiniciar uma séria de reações internas por conseqüência de experiências passadas.
Depois de ler esse belíssimo texto tive aquele momento de parar e pensar aquela célebre frase: por que não tinha pensado nisso antes?
Não sei se a partir de então irei mudar completamente. No entanto, com a maior certeza, agora terei mais recursos naquelas situações em que inicio as tais reações cegas. Será que mudarei? Não posso dar certeza. Já sei que não posso ligar o piloto automático utilizando velhas rotas para destinos parecidos. Cada situação é única por si, e por isso, merece uma atenção e uma consciência única, sem visões distorcidas e comportamentos repetidos. Pelo menos, agora, quando não souber o que dizer, como agir, o que fazer nada farei, além de ver.

quarta-feira, julho 27, 2005

O vencedor

São únicos. Excelentes letras. Um ritmo que casa com cada letra. Essa particularmente, parece que é sobre mim:

O Vencedor
Los Hermanos
Composição: Marcelo Camelo

Olha lá, quem vem do lado oposto vem sem gosto de viver
Olha lá, que os bravos são escravos sãos e salvos de sofrer
Olha lá, quem acha que perder é ser menor na vida
Olha lá, quem sempre quer vitória e perde a glória de chorar

Eu que já não quero mais
ser um vencedor
levo a vida devagar
pra não faltar amor
Olha você
me diz que não
vive a esconder
o coração

Não faz isso amigo
já se sabe que você
só procura abrigo
mas não deixa ninguém ver
Por que será?
E eu que já não sou assim
muito de ganhar
junto as mãos ao meu redor
faço o melhorque sou capaz só pra viver em paz .

sábado, julho 23, 2005

De algum lugar do Colorado

Michelangelo dizia que para se reconhecer as peças que tinham importância em uma escultura, bastava jogá-la de um penhasco, às sem importância quebrariam. Acredito que a vida, ás vezes, faz isso com a gente. Joga-nos em um penhasco de dor e sofrimento, nesse momento aquilo que, realmente, importa aparece e, é ressaltado. Ficamos mais conscientes, mais fortes e progredimos com mais experiência. As peças inúteis ficam lá embaixo, e continuamos melhorando nossa escultura interior que nem sempre é à prova de quedas.

domingo, julho 17, 2005

De repente, numa terça-feira

A vida sempre nos faz parar em alguns momentos. De repente, como uma brisa, chega um vazio, um sentimento de insatisfação que toma todos os nossos portos seguros de certezas. Sem perceber, paramos e refletimos sobre o caminho que estamos seguindo, o rumo que escolhemos, as companhias que um dia elegemos afins e até mesmo sobre o tipo de comportamento que selecionamos para fazerem parte de nós. Todas as nossas preocupações que pareciam tão importantes, os problemas que não saiam da nossa mente por serem considerados tão decisivos, tão inadiáveis e preocupantes, nesse momento simplesmente já não estão mais lá conosco. É uma terça-feira, nem o cansaço natural de início de semana preocupa. Em poucos minutos, saímos do mundo que estávamos, de certo modo, acostumados. Sentimos medo, o simples e conhecido medo do desconhecido. Não podíamos imaginar que os sofrimentos que nos acompanhavam, um dia fariam falta e não seriam tão dramáticos. É preferível continuarmos sofrendo por um problema que já conhecemos e já temos uma certa intimidade. Trocá-lo por outro é muito arriscado. Quem saberia dizer que esse novo não é mais cruel e mais difícil? E assim, nos guardamos e repetimos os velhos procedimentos que nos fazem do jeito que achamos que somos. Seria muito desconfortável, trocarmos atitudes que já conhecemos os resultados de insatisfação por outras que trariam novos efeitos e talvez, não saberíamos agir. Assim, voltamos ao que chamaríamos, erroneamente, de nossa realidade. A terça-feira, parece está acabando e, nossas antigas prioridades voltam, e ganham a proporção que já tínhamos nos acostumados.