De repente, numa terça-feira
A vida sempre nos faz parar em alguns momentos. De repente, como uma brisa, chega um vazio, um sentimento de insatisfação que toma todos os nossos portos seguros de certezas. Sem perceber, paramos e refletimos sobre o caminho que estamos seguindo, o rumo que escolhemos, as companhias que um dia elegemos afins e até mesmo sobre o tipo de comportamento que selecionamos para fazerem parte de nós. Todas as nossas preocupações que pareciam tão importantes, os problemas que não saiam da nossa mente por serem considerados tão decisivos, tão inadiáveis e preocupantes, nesse momento simplesmente já não estão mais lá conosco. É uma terça-feira, nem o cansaço natural de início de semana preocupa. Em poucos minutos, saímos do mundo que estávamos, de certo modo, acostumados. Sentimos medo, o simples e conhecido medo do desconhecido. Não podíamos imaginar que os sofrimentos que nos acompanhavam, um dia fariam falta e não seriam tão dramáticos. É preferível continuarmos sofrendo por um problema que já conhecemos e já temos uma certa intimidade. Trocá-lo por outro é muito arriscado. Quem saberia dizer que esse novo não é mais cruel e mais difícil? E assim, nos guardamos e repetimos os velhos procedimentos que nos fazem do jeito que achamos que somos. Seria muito desconfortável, trocarmos atitudes que já conhecemos os resultados de insatisfação por outras que trariam novos efeitos e talvez, não saberíamos agir. Assim, voltamos ao que chamaríamos, erroneamente, de nossa realidade. A terça-feira, parece está acabando e, nossas antigas prioridades voltam, e ganham a proporção que já tínhamos nos acostumados.
1 Comments:
Esse medo que nos constitui e que nos impede de experimentar novas sensações. Medo do sofrimento e do desconhecido. Mas esse medo constitui o ser humano. Seria tolice se arriscar a sofrer depois de conhecer o quão cruel esse sentimento é. Mas seria tolice também não se arriscar a novas emoções, boas ou não, mas que no final poderiam vir a vingar. Se esconder do mundo e da vida é a pior escolha.
Às vezes insistimos em bater na mesma tecla e sofrer por um problema que já estamos acostumados. É mais seguro, concordo, mas é também mais ilusório. Insistimos naquela coisa ou naquela pessoa e passamos a criar algo que nem está ali. De repente, insistir no conhecido se torna uma desculpa para não nos tornarmos vulneráveis diante do novo.
Realidade não é rotina, não é lidar com o que estamos acostumados, mas fazer com que esses problemas se tornem reais e não apenas imaginação. E quando enfrentamos, passamos de passivos para ativos e é isso que nos torna reais.
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