domingo, setembro 18, 2005

Vida em notas


Se eu fosse escrever sobre algo que desde sempre esteve comigo, que me acompanhou em toda a diversidade de estágios emocionais que vivi e em todas as fases que um amadurecimento complexo pode proporcionar, certamente seria mais justo escrever em versos. Cifrar cada troca de acordes com todas as notas, pausas, acidentes e solos possíveis. É extraordinária a capacidade que a música tem sobre meus estados de humor. Já me disseram que quando se está desanimado, pra baixo o melhor é escutar algo alegre, não concordo. Curtir a experiência de cada momento sem estabelecer juízos de valor bom ou ruim é muito mais enriquecedor. Mergulhar em cada sentimento, assim como ele se apresenta, nos traz a possibilidade de ampliar nossos ritmos internos, como a pessoa que ouve vários estilos musicais e sempre elege mais um preferido.
“quem sempre quer vitória e perde a glória de chorar”. Perder a glória de chorar?! Para os mais superficiais isso poderia parecer uma frase de alguém depressivo. Como não há glória em se aprofundar nas causas do choro? Seria mais que clichê dizer que depois dos momentos difíceis saímos mais fortes. Ainda mais, quando refletimos com o tempo necessário sobre o que ocorreu. Se eu fosse escolher uma música para este texto seria alguma lenta, uma voz feminina suave, uma bateria no fundo bem ritmada com um piano acompanhando cada verso, cada cifra, cada acorde, cada nota, cada pausa, cada acidente, cada solo . . .