sexta-feira, janeiro 29, 2010

Relações cariocas (1)



Daria pra escrever um livro sobre os vários aspectos da sociologia e antropologia carioca sem deixar de lado as peculiaridades individuais tratadas pela psicologia. Na verdade seriam três tratados.
Tais observações são um convite à deixar a cidade maravilhosa.
Talvez, por isso, procastino esse escrito sem deixar de lembrar o que Sérgio Buarque de Holanda escreve sobre o brasileiro de forma geral referindo-o como o "homem cordial". Ao contrário do que se imagina numa leitura rápida não se trata de um homem gentil, ou bom. Ilustra o homem que age, segundo a etiologia da palavra, essencialmente pelo coração - cordis. Segundo o próprio "pai do Chico" (como gostava de ser chamado) o brilhante historiador dizia que o homem cordial é aquele que age com a emoção no lugar da razão, não vê distinção entre o privado e o público, detesta formalidades e põe de lado a civilidade.
Pronto, aí começa a ficar complicado... Hoje é sexta, dia de sol. Amanhã, além de dia de praia para o carioca, já será possível ver nas ruas preliminares do carnaval com os blocos e suas marchinhas intermináveis. Fenômeno revitalizado há alguns carnavais, carinhosamente apelidado de "bloquinho".
Deixo essas reflexões para uma segunda-feira a noite, chuvosa. Ou quando meu mau-humor quase distímico surgir mesmo com o sol.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Destreza de amar

A destreza de amar é um dom. Enlouquecedor.
Faz chover no coração dos desabrigados a dúvida e o duelo entre cabeça e coração.
Não sabes se se entrega. Não sabes se se preserva.
O medo bate e torna as certezas e princípios em meras divagações. Dessas de terça-feira a tarde. Vazias de concretude.
Tudo é dúvida. Remoe-se o que será feito do antes com o sentimento que se desenvolve a partir do agora.
Pergunta-se o porque de ter sido menos sociável e ter dedicado tanto tempo em enriquecer a individualidade para ser boa companhia para si próprio.
"Era melhor investir em si. Retorno mais seguro".
E de tanta dificuldade de abandonar a segurança, teme-se.
Temer é pensar, hesitar por alguns instantes.
Petrificar-se no medo é não se permitir viver.
E a vida impagável, curta e imponente não aguarda da resposta sua andança.

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Arriscar-se

Rir é arriscar-se a parecer louco.
Chorar é arriscar-se a parecer sentimental.
Estender a mão para o outro é arriscar-se a se envolver.
Expor seus sentimentos é arriscar-se a expor seu eu verdadeiro.
Amar é arriscar-se a não ser amado.
Expor suas idéias e sonhos ao público é arriscar-se a perder.
Viver é arriscar-se a morrer.
Ter esperança é arriscar-se a sofrer decepção.
Tentar é arriscar-se a falhar.
Mas… é preciso correr riscos.
Porque o maior azar da vida é não arriscar nada…
Pessoas que não arriscam, que nada fazem, nada são.
Podem estar evitando o sofrimento e a tristeza.
Mas assim não podem aprender, sentir, crescer, mudar, amar, viver…
Acorrentadas às suas atitudes, são escravas;
Abrem mão de sua liberdade.
Só a pessoa que se arrisca é livre…
“Arriscar-se é perder o pé por algum tempo
Não se arriscar é perder a vida…”


Søren Kierkegaard

sábado, janeiro 02, 2010

Resposta do amigo Wilen

O que mais me espanta é o alívio do dever cumprido de ambas as partes: de um lado, a imponência de magistrais mestres; do outro, uma turma, uma plateia de claques com bom sorriso na face e esperança nas cabeças.

Não importa, na verdade, a transmissão de conhecimento, a sua eficácia de alcançar o objetivo ideal; mas sim a desigualdade entre os conteúdos. Dou-te o peixe sem te ensinar a pescar. Um pupilo não poderá saber mais que o seu mestre. E assim passam os dias...

No meio de uma selva, com cegos e surdos, surge uma comunicação - fala-se o que quer; entende-se o que se convém. O mundo é para os espertos. É para aqueles que falam primeiro, mais alto e melhor. Cresça e apareça é a máxima de Bam-Bans brothers - maximize-se ou some-se.

A única lei: a Lei de Gerson.

Lembro-me, por isso, de um velho amigo: Homo homini lupus


heheheheh
Bravo!
Realmente, o mundo hj está assim... é para aqueles que falam primeiro, mais alto e melhor.
Entra o ano novo. As esperanças se renovam. Parece-me que a meta mais importante para 2010 seja a de sermos nós mesmos cada vez mais. Até pq só a gente que pode desempenhar essa função. Escrito assim soa redundante. Mas basta 5min de auto-crítica pra perceber quantas vezes tentamos ir por outros caminhos que nos parecem mais atraentes mesmo que se distanciem do que somos em essência.
Como diria Paulo Leminski: "Isso de ser exatamente o que se é ainda vai nos levar além"
Grande abraço!
Ótima renovação de esperanças para esse ano novinho que se inicia.