Relações cariocas (1)

Daria pra escrever um livro sobre os vários aspectos da sociologia e antropologia carioca sem deixar de lado as peculiaridades individuais tratadas pela psicologia. Na verdade seriam três tratados.
Tais observações são um convite à deixar a cidade maravilhosa.
Talvez, por isso, procastino esse escrito sem deixar de lembrar o que Sérgio Buarque de Holanda escreve sobre o brasileiro de forma geral referindo-o como o "homem cordial". Ao contrário do que se imagina numa leitura rápida não se trata de um homem gentil, ou bom. Ilustra o homem que age, segundo a etiologia da palavra, essencialmente pelo coração - cordis. Segundo o próprio "pai do Chico" (como gostava de ser chamado) o brilhante historiador dizia que o homem cordial é aquele que age com a emoção no lugar da razão, não vê distinção entre o privado e o público, detesta formalidades e põe de lado a civilidade.
Pronto, aí começa a ficar complicado... Hoje é sexta, dia de sol. Amanhã, além de dia de praia para o carioca, já será possível ver nas ruas preliminares do carnaval com os blocos e suas marchinhas intermináveis. Fenômeno revitalizado há alguns carnavais, carinhosamente apelidado de "bloquinho".
Deixo essas reflexões para uma segunda-feira a noite, chuvosa. Ou quando meu mau-humor quase distímico surgir mesmo com o sol.