Encontros e desencontros
Precisava reler esse texto publicado no meu antigo blog.
Ás vezes, a vida parece um ciclo de dejavu! Encontros e desencontros o tempo todo. Para que pensar tanto?! Para hesitar mais?! Acho que já chega disso, apenas por hoje - como diria um adicto em recuperação...
Não é por coincidência o título do texto de hoje ser exatamente o mesmo do filme “Lost in translation” (título original) com Bill Murray e a encantadora Scarlett Johansson. Com 4 indicações ao Oscar, o filme dirigido por Sofia Coppola seduz desde o início com os irreverentes choques entre a tradicional cultura japonesa e o “american way of life”, além das belíssimas imagens com a atriz Scarlett.
Pensando sobre a naturalidade dos acontecimentos e o roteiro abordando assuntos diversos, não foi difícil perceber a essência do projeto: demonstrar o cruzamento dos caminhos de duas pessoas com histórias diferentes, mas que por obra do acaso tiveram, naquele momento, muito em comum. Como disse a própria atriz em uma entrevista ao JB: “pessoas que não teriam contato porque estão em faixas etárias diferentes se vêem compartilhando experiências(...)”.
Assim, tendo como pano de fundo essas belas imagens, ainda frescas na memória, surgiu um insight interessante numa “simples” viagem de ônibus de Copacabana para casa: com a sensibilidade um pouco acima do comum –se é que isso é possível- pude perceber uma sensação quase unânime: carência. Além do mal-estar típico do homem contemporâneo, sentia no ar olhares se cruzando como se buscassem uma resposta e, acima de tudo, atenção.
As pessoas, ao mesmo tempo que estavam receptivas interiormente para o início de uma troca, de um diálogo, brigavam silenciosamente num jogo de gestos, com uma certa esperança de reação do outro, no sentido de tomar iniciativa. Simples toques de ombros e pernas ganham significados extremamente misteriosos. Os olhares se desviam, o corpo fala timidamente e... nada. Minutos passam, o ônibus pára, ela desce. Certamente suas vidas não tinham muito em comum, caso contrário, não teriam já se visto em outra oportunidade? Naqueles instantes, pessoas desconhecidas dividiram o mesmo banco, e tiveram, como no filme a oportunidade ímpar de enriquecerem suas vidas compartilhando novas experiências. Para aproveitarmos essas chances basta que decidamos se vamos querer encontros ou desencontros.
1 Comments:
É engraçado como, às vezes, nos encontramos rodeados de pessoas, mas ao mesmo tempo nos sentimos sozinhos. Acho que é o preço que se paga por viver no mundo contemporâneo, onde tantas opções acabam nos deixando sem uma referência de escolha.
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